Na última quinta-feira (08), o Núcleo de Estudos e Capacitação Sociotécnica de Populações Tradicionais em Agroecologia nos Territórios Faxinalenses (NEA Territórios Faxinalenses), projeto de pesquisa e extensão executado pelo Grupo Interconexões, da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), celebrou três anos de existência com o evento “Agroecologias em Movimento: identidade e região como contraponto criativo da biopolítica em novos tempos democráticos”, no Centro Tecnológico de Pesquisa em Ciências Humanas e Sociais Paulo Freire (Cetep-UEPG).
O encontro promoveu o debate sobre o papel da agroecologia e agricultura familiar na sociedade, com foco em alianças entre comunidade e atores sociais, como grupos, governo e diferentes lideranças. Além das palestras, ocorreu o lançamento do livro “Territorialidades Ecológicas: Autonomia Socioambiental, Desenvolvimento Local”, elaborado pelos participantes do NEA, Nicolas Floriani e Dimas Floriani, com participação de outros pesquisadores da UEPG e de Universidades parceiras. A obra sistematiza os três anos de pesquisa e extensão, com resultados e reflexões sobre as práticas alternativas de produção no agro.
Na presença de autoridades, pesquisadores e comunidade, foi lançado o software “Sistema Eletrônico de Certificação Agroecológica Participativa”, elaborado para promover a democratização do processo de certificação da garantia de qualidade de produtos e processos agroecológicos e orgânicos. O professor Nicolas Floriani, coordenador do NEA, explica que o sistema permite maior transparência aos processos de produção. “O sistema foi elaborado buscando abrir a caixa preta da autenticação para o produtor, criando um sistema interno, onde as associações vão garantir a qualidade dos produtos, desburocratizando o processo todo”, enfatiza.
Profa. Telma R. Stroparo (UNICENTRO-Irati) |
Professores Gustavo C. Barh (IFPR-Telêmaco Borba) e Almir Nabozny (UEPG) |
Prof. Dimas Floriani (UFPR) e demais participantes do Evento. |
Mestranda Fernanda de Arruda Paes (Interconexões, PPGEO/UEPG) |
Da direita para esquerda, André Jantara (AS-PTA), Cleusi Bobato Stadler (Coletivo Triunfo), Antônio Ostrufka (ASAECO), Marilei Ferreira (Faxinal Sete Saltos de Baixo) |
O evento promoveu também um espaço de exposição de Produtos Orgânicos e da agrobiodiversidade regional das Unidades de referência agroecológicas do projeto, onde os agricultores e agricultoras puderam falar sobre suas experiências com o NEA enfatizando os saberes agroecológicos associados à reprodução do patrimônio material na busca pela autonomia socioambiental e pelo bem viver.
Antônio Silvestre Leite e Janete Leite da Unidade de Referência Agroecológica de Faxinal dos Galvão, município de Imbituva, Paraná. |
O evento encerrou com a premiação dos “Agroecologistas do Ano” dos Territórios Faxinalenses, para valorizar o trabalho dos produtores nas comunidades na área de agricultura e ecologia. Foram duas famílias de agroecologistas premiadas: Aparecida de Fátima Machado Teixeira e Antônio Ostrufka, de Itaiacoca, distrito de Ponta Grossa, e Maria Janete Leite, Antonio Silvestre Leite e Ricardo Leite, de Faxinal do Galvão, distrito de Imbituva.
Sobre o NEA
O NEA Territórios Faxinalenses é um projeto financiado pelo Conselho Nacional de Pesquisa (CNPq) e abre espaço para produção e discussão sobre saberes, práticas e demais assuntos ligados à agroecologia regional. Nicolas comenta que a agroecologia se propõe a saber o que não é universalizante e que se adapta às condições locais. “Então, ao estudar isso, estamos falando também da valorização do patrimônio imaterial da agroecologia e a história da região, promovendo autonomia ambiental, social e econômica, frente a outros modelos produtivos”.
A UEPG, através do NEA, conectou poder público em cinco municípios – Imbaú, Imbituva, Ponta Grossa, Irati e Ivaí, junto com associações de agricultores, cooperativas e também com instituições de extensão rural do Estado. “Esses novos arranjos permitiram dar o protagonismo aos pequenos produtores, legitimados pela parceria com as Universidades, o que dá condições para ter suas decisões respeitadas”, salienta o professor
O projeto também promove o protagonismo e o empoderamento social, além de incentivar a agroecologia e vocação empreendedora dos produtores, segundo o professor. “A autonomia dos produtores junto à responsabilidade socioambiental permitiu que eles resistissem a projetos de modernização do espaço rural. Assim, mesmo que existam commodities que ditam as formas da economia e atuação, as comunidades e agricultores locais podem manejar sua própria situação”, enfatiza.
Nenhum comentário:
Postar um comentário